16/04/2025

O Mercado Financeiro Digital, DREX, Criptomoedas e Sua Regulamentação Jurídica

O mercado financeiro digital tem passado por uma verdadeira revolução nos últimos anos, impulsionada principalmente pelo crescimento das criptomoedas, como o Bitcoin e o Ethereum.

O Mercado Financeiro Digital, DREX, Criptomoedas e Sua Regulamentação Jurídica

O mercado financeiro digital tem passado por uma verdadeira revolução nos últimos anos, impulsionada principalmente pelo crescimento das criptomoedas, como o Bitcoin e o Ethereum. Essas moedas digitais descentralizadas trouxeram inovação ao sistema financeiro, destacando-se pela redução de custos e alta performance em transações internacionais.

No entanto, junto aos benefícios, surgiram desafios como ataques cibernéticos, lavagem de dinheiro e insegurança para o consumidor. Esses fatores levaram a discussões no âmbito jurídico sobre a necessidade de regulamentação clara, garantindo segurança para investidores e coibindo práticas ilícitas.

 

Panorama Jurídico Internacional

A regulamentação das criptomoedas varia de país para país, refletindo pouca uniformidade global.

  • Estados Unidos: A regulamentação é fragmentada entre diferentes órgãos, mas funcional.
  • União Europeia: Busca padronizar diretrizes para ativos digitais em todos os seus países membros.
  • Brasil: O cenário é de progresso gradual, com avanços como a recente Lei nº 14.478/2022.

O Bitcoin, por exemplo, é aceito como moeda legal em algumas nações, enquanto em outras é proibido. Essa diversidade regulatória gera um ambiente jurídico desafiador para o mercado.

 

O Cenário Jurídico no Brasil

No Brasil, o marco regulatório das criptomoedas começou com normas emitidas pelo Banco Central (BACEN) e pela Receita Federal, exigindo a declaração de transações com criptoativos e a tributação de ganhos de capital.

A Lei nº 14.478/2022 foi um passo importante, estabelecendo diretrizes para prevenir ilícitos financeiros associados às criptomoedas. Já em 2025, o Banco Central introduziu o DREX (Dinheiro Eletrônico Brasileiro), uma moeda digital oficial, trazendo maior segurança e inclusão financeira ao mercado nacional.

 

DREX: O Dinheiro Eletrônico Brasileiro

O DREX é uma moeda digital controlada pelo Banco Central do Brasil, baseada no art. 9º da Lei nº 4.595/1964, que concede ao BACEN a prerrogativa de emissão monetária. Diferentemente das criptomoedas descentralizadas, o DREX é uma extensão oficial da moeda fiduciária, regulada por normas como:

  • Resolução nº 4.282/2021: Estabelece requisitos de segurança e governança.
  • Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD): Garante a privacidade dos usuários.
  • Lei de Pagamentos (Lei nº 12.865/2013): Regula contratos e transações digitais.

O objetivo do DREX é proporcionar transações mais seguras, combater fraudes e ampliar a inclusão financeira, sempre alinhado com políticas públicas e proteção ao consumidor.

 

Perspectivas de Regulamentação

O mercado financeiro digital exige planejamento regulatório de longo prazo, principalmente devido à volatilidade e à rápida evolução tecnológica.

É fundamental que regulamentações:

  1. Previna ilícitos financeiros: Regras claras para evitar práticas abusivas.
  2. Promova equilíbrio: Incentive a inovação sem comprometer a estabilidade econômica e ambiental.
  3. Padronize normas internacionais: Alinhamento global para garantir segurança jurídica e uniformidade no mercado.

A regulamentação deve buscar proteger direitos individuais e fomentar o desenvolvimento sustentável do setor financeiro.

 

Conclusão

O mercado financeiro digital e as criptomoedas representam uma transformação econômica e tecnológica sem precedentes. Sua regulamentação é um campo complexo, que exige cooperação entre legislações nacionais e internacionais, bem como entre setores público e privado.

A introdução do DREX é um marco no progresso financeiro nacional, evidenciando o esforço para modernizar o sistema financeiro e atender às demandas de uma economia digitalizada. No entanto, é crucial acompanhar e aprimorar constantemente as regulamentações para garantir um ambiente jurídico seguro e um mercado inclusivo e inovador.

Com regulações claras e objetivos bem definidos, será possível aproveitar os benefícios dessa revolução digital enquanto se minimizam os riscos e desafios associados.

Fonte: Laura Regina Escames Ferreira da Silva – Advogada Associada do Vigna Advogados     

                           

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